“A educação Waldorf não é um sistema, mas uma arte: a arte de despertar o que realmente está dentro do ser humano.”

Rudolf Steiner

Diferenciais da pedagogia Waldorf

O ensino fundamental de uma escola Waldorf tem algumas características que o diferenciam do ensino fundamental das escolas convencionais. O conteúdo é apresentado de uma forma que encanta os alunos e desperta neles o interesse pelo aprender.

Veja aqui como é o nosso processo de matrícula

1. O professor de classe

Cada grupo que ingressa no 1º ano tem um professor que o acompanhará durante os oito anos do ensino fundamental (em alguns casos, esse período pode ser menor).

Além de ministrar as matérias para as quais está apto, o professor de classe acompanha a turma nas viagens pedagógicas, mantém um canal aberto de diálogo com os pais de seus alunos, conduz as reuniões de classe e incentiva o elo entre as famílias, por meio de encontros, mutirões e passeios.

2. O ensino em épocas

A aula de época, também chamada aula principal, acontece todos os dias nas duas primeiras horas da manhã, período em que, durante três ou quatro semanas, o professor mergulha num tema com seus alunos. Na sequência acontece uma pausa de 30 minutos para o lanche e o brincar livre no pátio. Depois têm início as aulas das matérias complementares, como inglês, alemão, trabalhos manuais, euritmia, marcenaria, música, desenho de formas, educação física, entre outras. Essas aulas são ministradas por professores especialistas em cada área.

O ensino em épocas possibilita que o conteúdo seja transmitido de forma não fragmentada ou desconectada do todo. Durante uma época de português, por exemplo, o aluno mantém um contato intenso com a matéria por cerca de um mês. Depois iniciará a época de história e terá chance de se envolver profundamente com o período estudado. Se for o Egito Antigo, o professor de classe pode propor que as crianças façam papiro, por exemplo. A época de astronomia, matéria que faz parte do currículo do 6º ano, normalmente é encerrada com uma viagem pedagógica para uma região em que seja possível observar as estrelas e reconhecer as constelações sem o uso de instrumentos. E assim as épocas vão se desenrolando ao longo do ano, seguindo o planejamento elaborado pelo professor de classe.

3. Música

“Numa escola Waldorf, o ensino de música não é uma matéria isolada das demais nem deve servir exclusivamente para a aquisição de conhecimentos e habilidades musicais. O ensino da música, em conjunto com o de todas as outras matérias, está a serviço da formação humana de modo global.”
(trecho do livro A Educação Musical na Escola Waldorf, de Carl Albert Friendenreich, Editora Antroposófica)

Do jardim de infância ao ensino médio, a música está sempre presente na trajetória escolar do aluno no Micael. As vivências musicais pedagógicas se transformam ao longo do tempo, oferecendo aquilo que a criança e o jovem necessitam para se desenvolverem, de forma plena, a cada etapa.

Do 1º ao 4º ano, a música é vivenciada de forma lúdica. Os alunos visitam experimentos sonoros, escalas e timbres variados. Fazem parte do trabalho as cantigas de roda, a pulsação e os ritmos no corpo. Tem início o estudo da flauta soprano. O repertório acompanha o conteúdo das aulas de época e das festas tradicionais realizadas na escola.

No 3º e no 4º ano, os alunos começam a ter contato com a linguagem teórica musical. Continuam sua trajetória com a flauta doce e com o canto. Passam também a ter aulas de violino, instrumento apropriado para essa fase do desenvolvimento da criança, pois exige que ela faça parte do todo enquanto toca. Essa valiosa experiência sócio-musical será a base para uma futura participação na orquestra da escola, que pode ter início no 5º ano.

Do 5º ao 8º ano, as vivências vocais são aprofundadas com o canto polifônico. Nessa etapa, os alunos tocam a família completa de flautas doces. Essas vozes distintas possibilitam o aprofundamento da leitura musical melódica e rítmica. A criatividade está presente ao longo de todo o percurso, por meio de composições coletivas, improvisações e arranjos musicais.

4. Euritmia

A euritmia é a arte do movimento fundada por Rudolf Steiner e faz parte do currículo Waldorf desde a fundação da primeira escola. Diferente da ginástica, que trabalha as forças físicas da gravidade, a euritmia propõe dar forma à linguagem e à música através do movimento corporal. Alunos que vivenciam a euritmia são capazes de assimilar a música e a poesia profundamente, trabalham sua capacidade imaginativa, adquirem destreza motora e lidam melhor com problemas de linguagem e aprendizagem.

No Colégio Micael, a euritmia está presente do jardim de infância até o final do ensino médio.

5. Viagens pedagógicas

A pedagogia Waldorf é multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. O professor de classe estabelece, o tempo todo, múltiplas relações com as diferentes matérias. O processo tem a forma de uma espiral: em determinado nível da matéria, resgata-se o que foi dado anteriormente para que o tema ascenda a outro patamar.

As viagens pedagógicas são importantíssimas nessa proposta. Elas ajudam o professor a aprofundar com sua turma os conteúdos trabalhados em sala de aula. Servem também para tornar o conteúdo vivo. Ao olhar o mundo e estabelecer relações entre o que vê e o que está estudando na escola, a criança e o jovem desenvolvem o respeito, a admiração e a reverência diante da natureza e dos feitos do homem.

“Conhecendo o mundo, o ser humano encontra a si próprio. E conhecendo a si próprio, o mundo se lhe revela.”

R. Steiner

6. O ensino do alemão

Por que, afinal de contas, o ensino do alemão faz parte do currículo Waldorf? Cada língua permeia o ser humano de uma forma diferente e o revela de maneira diversa. Ao mergulhar em uma outra sonoridade, a atuação da língua materna é complementada.

O apropriar-se dessa nova sonoridade significa um trabalho intenso em si mesmo. O alemão é uma língua muito plástica. O elemento vocálico e o elemento consonantal estão em equilíbrio. Para crianças cuja língua materna não tem essa característica, como é o caso do português, em que predominam as vogais, o recitar do alemão atua como elemento fortalecedor. O aparelho fonador das crianças tem de fazer uma ginástica benéfica, à qual não está acostumado.

Além disso, a estrutura livre do alemão, que permite a mudança de lugar dos vários elementos gramaticais na frase, promove a mobilidade e a visão do todo no pensar.

Também são típicos da língua alemã os longos períodos de orações principais e subordinadas, que exigem uma respiração muito mais longa. Vemos aí a possibilidade de fortalecer e desenvolver algo através do ensino de língua estrangeira, pois é crescente nas crianças de nosso tempo a dificuldade de concentração e a “respiração curta”.

Temos ainda no alemão o vínculo que une as escolas Waldorf do mundo inteiro.

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Destaques do currículo

1º ano

Ao longo de todo o ano, as crianças são, pouco a pouco, apresentadas às letras do alfabeto, que surgem a partir de imagens ligadas a pequenas histórias. Na matemática, o professor costuma apresentar primeiro os algarismos romanos, que são menos abstratos e podem ser “contados” com os dedos. Iniciam-se as aulas de música (canto e instrumento), línguas estrangeiras (alemão e inglês), trabalhos manuais, pintura, desenho, desenho de formas, euritmia, entre outras. Nas aulas de inglês e alemão, não há qualquer tipo de introdução à gramática. Os alunos aprendem ritmos, brincadeiras, cantigas e apresentam pequenas peças.

2º ano

As matérias têm como pano de fundo as lendas da natureza, as fábulas, as estações do ano e as histórias de santos que simbolizam a possibilidade de atuação altruística no mundo. Esses conteúdos dão às crianças a noção de continuidade do tempo e a segurança da renovação da vida, ideia lindamente retratada pela história A Gotinha d’Água, frequentemente trabalhada durante o 2º ano.

As fábulas e lendas se complementam. As primeiras são cheias de ironia, de certo sarcasmo, de humor e retratam as fraquezas humanas. As lendas ou contos escolhidos pelo professor nessa etapa falam de gestos de grandeza, elevam a condição humana.

“Se esses dois tipos de contos forem cultivados lado a lado e vivenciados com suficiente intensidade pelas crianças, então serão despertadas duas posturas anímicas que se complementam e que toda pessoa deveria almejar: de um lado, tolerância temperada com humor, do outro, capacidade de admirar”


(trecho extraído do livro Educação para a Liberdade, de Frans Carlgren e Arne Klingborg, editado no Brasil pela Escola Waldorf Rudolf Steiner).

3º ano

Um dos grandes temas do ano é a capacidade que o ser humano tem de transformar o mundo. Os conteúdos são trazidos por meio do Antigo Testamento, do estudo das profissões e das lendas. Como a criança aprende fazendo, há muito trabalho prático. Os alunos plantam, colhem, constroem fornos de barro, fazem pão e visitam diferentes artesãos, como ferreiro, marceneiro, oleiro. Também aprendem sobre os tipos de moradia de vários povos. Esse aprendizado pode se concretizar com a construção de algo na escola, no bairro ou mesmo com produção da maquete de uma casa. Nessa idade, a criança vivencia uma crise, definida por Rudolf Steiner como o “rubicão dos 9 anos”. Ocorre um despertar mais consciente do eu. O currículo do 3º ano contribui para que o aluno atravesse esse período, importantíssimo, com bons alimentos anímicos. As atividades propostas ao longo de todo o ano proporcionam a segurança necessária para que a criança aprenda a se relacionar consigo própria e com o mundo.

4º ano

Depois de ter contato com o potencial humano de transformar o mundo, criança já pode perceber como as comunidades mais próximas a ela se desenvolveram ao longo do tempo. Passeios pelo bairro ou pela cidade podem ser bons instrumentos nessa etapa. Normalmente ocorre a primeira viagem pedagógica, ligada aos estudos dos acidentes geográficos e da fundação da cidade de São Paulo. Inicia-se o estudo de zoologia. O aluno passa a perceber a primordial diferença entre o ser humano, com sua total liberdade de desenvolver inúmeras habilidades, e os animais, que possuem habilidades bem específicas. 

5º ano

A criança amplia um pouco mais sua compreensão do mundo. Na geografia, por exemplo, pode-se propor o estudo de bacias hidrográficas ou de biomas de outras regiões do país, não mais apenas daquela onde o aluno vive. A criança começa a aprender sobre as civilizações antigas, como Pérsia, Egito e Grécia. História e geografia seguem lado a lado. O estudo de botânica revela que as variadas espécies vegetais formam um todo integrado e, ainda, que existem elementos comuns e diversos entre o ser humano, os animais e as plantas. É comum que aconteça uma viagem pedagógica para estudo de botânica nessa etapa. A geometria à mão livre prepara o aluno para a introdução de instrumentos no ano seguinte.

6º ano

As crianças dão um passo em direção à puberdade. Sua alma – como um pêndulo – ficará entre a infância e a vontade de seguir para uma nova etapa. Para ajudá-las nesse processo de passagem, duas matérias são introduzidas: a astronomia (graças à qual poderão olhar para o alto e perceber a infinita grandeza cósmica e sua relação com o ser humano) e a mineralogia (por meio da qual aprenderão a olhar “para dentro” da Terra e conhecer as maravilhosas formações dos minerais).

A física é iniciada com o estudo de acústica, ótica e termologia. Em história e geografia, as crianças vivenciam a Europa da Idade Média e percebem o cíclico processo histórico mundial de expansão (os grandes impérios da civilização antiga) e contração (como os feudos e a vida monástica).

A geometria à mão livre dá lugar ao uso de instrumentos, momento em que os alunos começam a aprender a noção de ângulos e medidas. Nas artes, é iniciado o processo de luz e sombra ou desenho em preto e branco, que ajudará as crianças que vivenciam polaridades anímicas.

7.º ano

Os alunos amadurecem para um raciocínio mais lógico e abstrato. A vida emocional torna-se turbulenta por conta da avalanche de hormônios típica dessa fase.

Os jovens têm contato com a biografia de personagens que enfrentaram e superaram obstáculos de toda espécie. O Renascimento, a expansão geográfica trazida pelas grandes navegações e a Revolução Francesa mostram como as transformações são importantes para a humanidade.

Na matemática, as equações e resoluções de incógnitas são apresentadas num momento em que o jovem também precisa equacionar diversas questões típicas desse momento da vida. Na pintura em aquarela, o aluno é levado a buscar os tons de cinza que são vivenciados também no âmbito emocional, complementando, assim, sua compreensão da polaridade entre luz e sombra. 

8.º ano

Esse é o último ano dos alunos com o professor de classe que os acompanhou desde o 1º ano. A turma que desenvolveu um grande entrosamento agora tem o desafio de canalizar sua capacidade de trabalho conjunto para uma realização concreta.

O teatro do 8º ano é a grande tarefa que se coloca a eles. A elaboração de cenários e figurinos e a atuação no palco exigirá muita dedicação e um verdadeiro espírito de cooperação. Ao se envolver com os personagens que interpretam, os jovens deparam-se com facetas do ser humano que podem servir de modelo e fonte de inspiração para o momento pelo qual estão passando – e para sua vida futura.

Esse trabalho ocorre em paralelo às outras matérias. Na antropologia, os alunos aprendem sobre músculos, nervos e ossos e podem relacionar seus próprios movimentos aos conceitos da física (por exemplo, o sistema de alavanca). Dessa forma, conhecem melhor o próprio corpo e podem tomar posse dele.

Na química orgânica, fazem experimentos com amido, celulose, gorduras e  conhecem o processo de destilação. A história – geral e do Brasil – segue até a época contemporânea. Nessa idade, os alunos já podem desenvolver uma visão mais crítica em relação aos acontecimentos que levaram o mundo às duas Grandes Guerras e, por meio desse estudo, percebem a diferença fundamental entre cooperação e competição entre os povos.

Na arte, além das atividades que são desenvolvidas para o teatro, os alunos fazem trabalhos em argila e no tear.

9º ano

Embora oficialmente ainda faça parte do ensino fundamental, no Colégio Micael o 9º ano é uma transição para o ensino médio. Por conta disso, ele segue a estrutura proposta para as turmas de ensino médio da escola. Por exemplo, a figura do professor de classe sai de cena, e a turma passa a ser acompanhada por um tutor.

De qualquer forma, o certificado de conclusão do ensino fundamental só é emitido ao final desse ano. Para saber mais sobre o currículo do 9º ano e a estrutura do ensino médio no Colégio Micael, clique aqui.

No final do segundo semestre, as classes montam uma linda exposição dos trabalhos realizados pelas crianças e jovens ao longo do ano. Trata-se de uma ótima oportunidade para conhecer a trajetória que os alunos percorrem na escola, do jardim ao 12º ano.

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