Durante duas semanas, os alunos do 10º ano A fizeram uma experiência para a disciplina de biologia: mudaram seus hábitos alimentares para compreender, por meio da auto-percepção, a fisiologia do trato digestório e do sistema excretor.
Os jovens receberam o desafio de consumir ao menos 2 litros de água diariamente, não comer carnes, mastigar 30 vezes cada porção que se põe na boca, fazer todas as refeições e descobrir novos sabores. Era preciso tomar nota de tudo o que percebiam que estava acontecendo: quanto comeram, o que comeram, se descobriram um novo sabor, quantas vezes foram ao banheiro, como se sentiram ao fim de cada dia.
A partir desses dados e de outros mais subjetivos, os estudantes foram capazes de avaliar de que maneira os alimentos agem sobre o corpo e como o corpo pode reagir aos alimentos.
Disposição ou sonolência, cor do xixi, frequência de idas ao banheiro e cheiro do suor foram itens em que todos puderam notar mudanças.
A partir dessas percepções, é possível compreender melhor como a máquina que chamamos de organismo trabalha.
Assim como os alunos entenderam o que funciona melhor para o organismo de cada um, também foi possível levá-los a perceber que as escolhas alimentares afetam o que está do lado externo do corpo – ou seja, o planeta em que vivemos. Existe uma ecologia para dentro da boca e outra para fora da boca. O que faz bem para o ambiente faz bem para o corpo? O que é melhor? Um alimento in natura ou um industrializado? Orgânico ou cultivado à base de pesticidas? Uma fruta ou um derivado de proteína animal? De que maneira as escolhas individuais influenciam o mundo em que vivemos?
A ideia, assim, é ao mesmo tempo conhecer e trabalhar a vitalidade interna, fisiológica, e provocar uma reflexão a respeito da ecologia de maneira mais abrangente, compreendendo que somos seres que tomam decisões e que nossas escolhas interferem no mundo.
Desse trabalho surgiram muitas reflexões interessantes a partir das discussões que aconteceram em sala de aula. Foram grandes descobertas, tanto dos alunos quanto do professor, que acha muito interessante crescer junto com esses jovens.
Por César Pegoraro, professor de biologia do ensino médio
Trechos de relatórios produzidos pelos alunos após a experiência: