O diálogo tornou-se um dos maiores desafios da atualidade. Isso pode parecer contraditório, pois a tecnologia nos permite estar em contato com pessoas do mundo inteiro de um jeito fácil. No entanto, o mundo virtual muitas vezes nos deixa mais próximos de celulares e afins do que de familiares e amigos. É nesse sentido que devemos nos atentar desde cedo à importância de cultivar o diálogo.
Segundo Rudolf Steiner, a fala é uma das três maiores conquistas do ser humano, junto com o pensar e o andar – e elas são aprendidas nos três primeiros anos de vida. ‘Diálogo’ é um vocábulo de origem grega que significa “através da palavra”. Logos é a palavra, mas a palavra verdadeira, aquela que manifesta a essência da pessoa que fala. De imediato, o que nos vem à mente ao refletir sobre o diálogo é a ideia de encontro. Por meio da palavra, o outro e eu podemos nos aproximar.
Atenção genuína
O diálogo permite que o jovem tenha a oportunidade de mostrar à família seus gostos, interesses e sonhos. “É importante que nessas conversas não exista julgamento ou críticas ofensivas, pois isso inibe e prejudica a espontaneidade”, diz Maíra Bentim, psicóloga escolar do Colégio Waldorf Micael.
Em relação à criança e ao jovem, a falta de diálogo é um terreno fértil para os mais diversos problemas, especialmente de ordem psicológica, pois o ser em desenvolvimento vai se fechando em si mesmo – ou seja, exatamente um movimento contrário ao desabrochar que a educação tenta promover.
É durante uma conversa que exercitamos duas grandes forças da alma: o falar e o ouvir. Se ao falar compartilhamos nossa essência e nosso jeito de ver o mundo, para ouvir verdadeiramente temos que abrir um espaço interno para acolher o outro. “Ao sentir que a atenção dedicada a ele é genuína, o jovem experimenta mais segurança consigo mesmo e desenvolve mais confiança na família”, explica Maíra.
O encontro como prioridade
As desculpas que encontramos para justificar a falta de momentos de diálogos no dia a dia, em geral, referem-se à escassez de tempo ou de habilidades interpessoais. Além disso, há desafios como o uso excessivo de celulares, televisão, computadores etc.
Um primeiro passo para quem quer construir uma rotina permeada de diálogo é colocar essa vontade como prioridade. Maíra dá algumas dicas de como estabelecer um dia e horário específicos para o encontro, como combinar uma refeição em que todos estejam presentes sem telas por perto. Ou fazer outras atividades em conjunto, como caminhadas e passeios. É importante que essas escolhas sejam participativas e, por isso, devemos investigar as preferências dos filhos antes de propor algo. “De modo geral, o que vale é a real demonstração de interesse e o empenho em fazer daquele momento uma situação em que o jovem seja protagonista”, conclui Maíra.