Foto de Tati Wexler

“O processo da construção de uma peça de teatro é sempre uma experiência transformadora. O teatro do 8º ano de uma escola Waldorf é aquele momento em que muito do que foi semeado ao longo desse período pode agora ser resgatado, aperfeiçoado, aprofundado, lapidado. Junte-se a esses dois aspectos o momento em que o jovem de 14 anos está, com tantas mudanças internas e externas, tantas descobertas, percepções e lampejos de futuro. Aqui se inicia a busca de si mesmo. 
Interpretar um personagem é ter a oportunidade de experimentar ver o mundo, sentir, pensar e agir na pele de outra pessoa e, através dela, sair de si mesmo, deixando de lado as próprias turbulências emocionais. É treinar o enxergar e o ser diferente, às vezes até de um jeito oposto a si próprio!
Participar de uma montagem como essa é vivenciar que as coisas mais importantes, belas e significativas não estão prontas, precisam ser construídas parte por parte, com muito esforço e dedicação, caracterizando essa construção como algo único. 
Além de tudo, é um trabalho coletivo, onde tudo e cada um depende de todos, e de cada um. É assumir um compromisso com o grupo, uma tremenda responsabilidade, e estar em constante interação. Ao mesmo tempo, lidar com as próprias dificuldades, crises, assombros, frustrações e superações. É quase impossível não se envolver intensamente e não sair de uma experiência como essa minimamente transformado!
De minha perspectiva de professora de classe, que acompanha este grupo há 8 anos, foi maravilhoso ver o quanto todos, e cada um, puderam revelar-se de algum jeito, travaram batalhas pessoais e fizeram conquistas imensuráveis. Fiquei muito feliz, não apenas com o resultado, que certamente superou as expectativas e encantou, mas por ter observado todo o esforço dessa construção e constatar o tamanho potencial de realização que existe em cada um destes jovens, revelado, por exemplo, nas composições musicais, nos textos próprios inseridos, nas ideias e contribuições, nas caracterizações, no empenho em prol do grupo, na superação do cansaço e muitos outras aspectos. Sinto-me privilegiada e profundamente agradecida.”

 

Vilma Paschoa, professora de classe do 8º ano, que em setembro de 2019 apresentou a peça Um Violinista no Telhado, de Scholem Aleichem (adaptação de Ruth Salles)

 

Trechos de relatos dos alunos sobre o processo:                                                     
“Agradeço a cada um de vocês por tudo e espero que essa amizade não acabe, porque é incrível a nossa força, juntos somos mais. Amo cada um de vocês.” (Isadora)
“Eu gosto de pensar que nós não só atuamos no teatro, o teatro também atua em nós. Quanto mudamos desde as aulas de Arte da Fala? Os únicos que podem descobrir somos nós mesmos!.” (Miguel)
“Sinto que o teatro mudou muitas coisas em mim: perdi um pouco a timidez, que sempre foi um obstáculo meu; questionei coisas que precisavam ser ponderadas e o mais importante é que decidi realmente mudar muitas coisas que estavam me incomodando e cumprir metas que tinha planejado e ainda precisavam ser executadas.” (Alice)
“Depois de três meses, chegou o dia da estreia! Dá um frio na barriga, mas passa bem rápido. Quando acaba, é bem triste, mas depois você percebe que cresceu muito!” (Artur N.F.)
“Foi uma experiência reveladora e maravilhosa. (…) Gostei do papel que interpretei e de como eu interpretei. Aprendi muito e me tornei uma pessoa melhor.” (Yuri)
“Tenho certeza de que nunca vou passar por algo igual na minha vida. Acho que o que eu mais gostei foi realmente poder ter essa oportunidade e fazer parte disso tudo com as pessoas que eu amo tanto!” (Bruna)
“No camarim, em uma de nossas últimas cenas, veio uma saudade, uma vontade de voltar para a sala de música, onde a fábrica de sonhos começou a funcionar!” (Maria Eduarda)
“No dia da estreia eu estava muito nervosa, feliz, eufórica e triste, porque era, por assim dizer, o começo do fim! Mas todos esses sentimentos sumiam quando eu entrava no palco e só sobrava a felicidade de estar ali com todo mundo.” (Catarina)
“Eram tantas emoções juntas: amor, amizade, ansiedade, felicidade, tristeza… Muitos alunos da classe melhoraram muito as suas atitudes e também conhecemos lados de alguns alunos que a gente não conhecia.” (Manoela)
“Uma coisa que fez com que eu gostasse tanto foi poder me expressar e me soltar sem ser julgado.” (Jefferson)
“O teatro foi uma forma de eu me soltar, ser livre, compartilhar momentos, fazer novas amizades, chorar, errar, seguir em frente.” (Maria Camila)
“Tivemos dias muito produtivos e divertidos, outros nem tanto, mas senti que estávamos sempre muito unidos e querendo fazer sempre o nosso melhor.”  (Pietra)
“O teatro para mim foi uma experiência incrível e sei que algo dentro de mim mudou!” (Théo)
“Vou levar essa experiência para a vida. Cada momento (mesmo que eu não perceba) vai ser útil para o resto da minha vida.” (Gabriel)
“Acho que pude amadurecer muito. Não vou mentir, foi bem difícil, achei que não íamos conseguir. Mas no final, deu tudo certo. Vou sentir muitas saudades de tudo isso!.” (Pedro)
“(…) Durante o processo eu tive frustrações, mas também ótimas surpresas, como o resultado final, que eu AMEI! Foi INCRÍVEL!” (Laura V.C.)
“A experiência do teatro foi incrível e inesquecível, um momento único no qual nós amadurecemos. (…)”  (Anna Carolina)
“(…) O teatro uniu muito a gente. Não só os alunos, mas também os professores, porque eles, com a gente, fizeram tudo acontecer.”  (Leonardo)
“(…) Achava a Tzeitel meio boba, não me identificava nada com ela. Quanto mais perto da apresentação, mais fui me acostumando com a personagem e até cheguei a pegar um gostinho. Foi aí que percebi as qualidades da Tzeitel, ela era a menos bobinha das irmãs!” (Anne)
“Fazer o teatro do 8º ano: um sonho de criança realizado! O resultado final ficou muito acima que o esperado por mim, e acho que todos curtiram muito a experiência e saíram de lá orgulhosos e preenchidos. A peça foi também um, digamos, ‘sucesso de crítica’ e é sempre bom saber que as pessoas gostaram.(…)” (Bernardo)
“Quando o teatro acabou, eu me senti realizado e mais relaxado, mas também um pouco triste, pois a experiência de fazer um teatro é muito legal.(…)” (Murilo)
“(…) E domingo não se tratou apenas da apresentação… Nossos sentimentos e as saudades, que já batiam antes mesmo de nos apresentar! Senti nossa classe verdadeiramente unida, uma família. Naquele momento, tudo valeu a pena!” (Petra)
“Eu senti muita felicidade em fazer o teatro, não queria que tivesse acabado! (…)” (Matheus)
 “(…) Eu percebi que as pessoas da classe evoluíram, eu me aproximei mais e teve menos desrespeito de uns com os outros.” (Beatriz)
“O que falar de um dos processos mais intensos da minha vida? Foram tantos sentimentos, pensamentos, aprendizados que tivemos durante todo o processo! No começo, em maio, com eu poderia imaginar que tantas coisas iriam acontecer? (…)” (Laura J.)
 “(…) Eu criei uma mega esperança em mim mesmo por estar desde o 1º ano na escola e ver todos os teatros dos 8ºs anos. Sabia que um dia chegaria  minha vez!” (Arthur)
“Como tudo se consegue no esforço, como o processo pode ser doloroso, como o resultado pode ser glorioso, mas o melhor disso tudo é a amizade criada a cada cena.(…)” (Igor)
“Eu gostei muito de fazer o teatro. No começo fiquei um pouco com vergonha, mas depois me soltei. Fiquei ansiosa, feliz, mas um pouco triste, porque acaba muito rápido.(…)” (Victoria)
“(…) O melhor é saber que tudo deu certo no final e que cada um e a classe como um todo conseguiu aprender alguma coisa durante todo esse processo.” (Cíntia)
“(…) A parte mais legal foi no final, quando eu vi ‘está dando certo!’ . As apresentações eu adorei, mas sempre dava um medo, principalmente na hora em que eu falava sozinha.” (Emilie)

 

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