Por Joseph Hartman, Ph.D., P.E.
Reitor da Francis College of Engineering
University of Massachusetts, Lowell.
Como professor de engenharia industrial e de sistemas há muito tempo – e pai de três crianças que frequentaram escolas Waldorf — há anos ouço perguntas sobre a eficiência do currículo Waldorf em formar engenheiros e cientistas, profissões valorizadas em um mundo definido por tecnologias cada vez mais avançadas.
Em 1995, eu estava no meu terceiro ano de pós-graduação na Georgia Tech, a principal escola na minha área. Naquele ano, conheci minha encantadora esposa Karen, que me apresentou à Pedagogia Waldorf. A palavra “cético” apenas começa a descrever minha reação a um método que enfatiza o movimento, a música e as artes visuais. Mas, sendo um estudante curioso, ouvi Karen, participei de palestras e tentei aprender. Eventualmente eu concordei que a Pedagogia Waldorf parecia uma ótima idéia, embora apenas para crianças do jardim de infância.
Nos mudamos para a Escócia por um ano e morávamos perto de uma escola Waldorf que seguia até o 12º ano. Novamente participei de palestras e questionei os professores. Fiquei chocado ao descobrir que eles ensinavam cálculo… logo após uma aula de poesia e antes de modelagem em cerâmica. Se ensinavam cálculo, eu pensava, eles teriam que fazer um bom trabalho ensinando os fundamentos da matemática e da ciência.
Mas eu ainda me perguntava como todas essas “outras” coisas (cerâmica?) ajudariam um potencial engenheiro ou cientista. Foi quando comecei a examinar de perto os meus alunos na sala de aula e o mundo em mudança que nos rodeia.
Em seu best-seller O Mundo é Plano, Thomas Friedman descreve os requisitos para os alunos em uma comunidade global altamente conectada e comandada pela tecnologia. O autor não se estende sobre habilidades tecnológicas ou a capacidade de criar códigos de computador. Em vez disso, ele ressalta quatro características para a sobrevivência:
Aprender como aprender: parece simples, mas a maioria das crianças não anda entusiasmada com a aprendizagem. Para que isso aconteça, um professor deve despertar a criança. Olhando para trás, nos lembramos de nossos professores favoritos porque eram aqueles que nos entusiasmavam com o aprender. O conteúdo ensinado por um grande professor não é palpável e, por isso, é facilmente esquecido. Em vez disso, o desejo de adquirir novos conhecimentos é o que é aprendido e mantido.
Seja curioso: curiosidade e paixão são tão importantes, se não mais importantes, do que o intelecto. Como o escritor de tecnologia Doc Searls, disse: “O trabalho importa, mas a curiosidade importa mais. Ninguém trabalha mais duro para aprender do que uma criança curiosa.
Lide bem com os outros: você deve se dar com os outros, afinal, as habilidades das pessoas nunca podem ser obtidas por outrém, mesmo em um mundo plano.
Exercite o lado direito do cérebro: simplesmente “faça algo que você gosta de fazer, porque você trará algo intangível”.
Observe que as habilidades acima não têm nada a ver com cálculos ou trigonometria. Em vez disso, elas têm tudo a ver com o amor pela aprendizagem e a exploração – pedras angulares da Pedagogia Waldorf.
Friedman continua descrevendo a transformação na minha alma mater, Georgia Tech. Em seguida, o presidente [da Georgia Tech], G. Wayne Clough reconhece que alguns dos melhores engenheiros “talvez não sejam os que possam resolver melhor um cálculo, mas aqueles que, melhor que qualquer outra pessoa, são capazes de definir o problema que um cálculo deve resolver”. Mais importante, “eles sabem como pensar de forma criativa “.