A pedagogia Waldorf, criada em 1919 na Alemanha pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner, tem se mostrado cada vez mais atual e capaz de formar adultos preparados para enfrentar os desafios do milênio. Isso é retratado muito bem pelo filme Learn to Change the World, produzido pelo movimento internacional Waldorf100.
Na pedagogia Waldorf, o desenvolvimento intelectual, o pensar, é importantíssimo, mas não basta: ele deve ser acompanhado de força para a ação, o querer, e de um bom alicerce emocional, o sentir.
Pensar, sentir e querer são cultivados desde o jardim da infância nas escolas Waldorf, sempre com respeito às particularidades de cada faixa etária. As artes, os trabalhos manuais e as atividades ligadas ao fazer estão presentes em toda a trajetória do aluno na escola.
O Colégio Waldorf Micael de São Paulo foi fundado em 1978 por um grupo de pais e professores que acreditava que uma nova escola Waldorf precisava nascer no país. Até então, havia no Brasil a pioneira Escola Waldorf Rudolf Steiner, criada em 1955 na capital paulista, a Escola Vale Encantado, de Capão Bonito, e alguns jardins de infância.
O espaço de 11 mil metros quadrados, onde antigamente havia uma chácara, foi escolhido por ter muito verde e oferecer uma atmosfera acolhedora. Quatro décadas após a fundação da escola, a força do fazer coletivo que a colocou de pé continua atuante na comunidade.
O Colégio Micael sempre teve como proposta contribuir para a formação integral de crianças e jovens. As artes, as manualidades e o colocar a mão na massa e na terra são essenciais para isso e fazem parte do dia a dia dos alunos.
Isso não significa que matérias como a matemática, a geografia, a química ou a física tenham menos espaço ou importância. Pelo contrário! Todas essas disciplinas são apresentadas de maneira envolvente, que faz sentido para o aluno, despertando nele o verdadeiro encantamento pelo conteúdo. O currículo segue as determinações do MEC, com o diferencial de contar com a vivacidade e o colorido propostos pela pedagogia Waldorf.
Durante o primeiro setênio, etapa que vai do nascimento aos 7 anos de idade, o brincar é essencial: contribui para a criança desbravar o mundo e conhecer a si mesma. Como o desenvolvimento do corpo físico está a pleno vapor, o movimento tem papel importantíssimo nessa fase.
O Micael conta com ambientes estruturados para estimular o livre brincar e a fantasia. A área externa tem espaço para correr, árvores para subir e elementos que estimulam a motricidade, o equilíbrio, a lateralidade…
A escola tem turmas de maternal (para crianças de 1 ano e meio a 3 anos) e jardim (a partir de 4 anos) no período matutino, das 7h10 às 12h e no período integral, das 7h10 às 17h.
Dos 7 aos 14 anos, o segundo setênio, é o desenvolvimento das emoções que se destaca. Para que a aprendizagem seja efetiva, o conteúdo precisa tocar o aluno pelo sentir. As belas imagens, as artes e os trabalhos manuais, muito presentes no dia a dia do ensino fundamental, contribuem bastante para isso.
Nessa etapa, a criança vivencia aquilo que está aprendendo. Ao estudar Roma, por exemplo, pode ter a experiência de fazer uma sandália romana de couro e marchar com ela como um soldado de Júlio César. Nas aulas de geometria, vai para o pátio desenhar formas geométricas na terra, usando os dedos. Só depois desse tipo de experiência é que o compasso e outros instrumentos entram em cena.
Aos 15 anos, quando entra no terceiro setênio, o jovem passa a enxergar com mais clareza a complexidade do mundo que o rodeia. É o despertar do pensar crítico. Um dos grandes papéis da escola nessa fase é incentivar o aluno a construir sua autonomia, para que ele possa sair em busca das respostas para suas grandes questões de forma consciente.
As disciplinas trazem conteúdos que exercitam a capacidade de o jovem analisar algo a partir de diferentes pontos de vista. Da matemática à história, da geografia à química, o estudante não recebe nada pronto: o grupo faz experimentos, levanta hipóteses e reflete com o professor sobre possíveis conclusões a respeito de um determinado tema.